A Kinross recentemente deu as boas-vindas a Mike Sylvestre como o novo vice-presidente regional da empresa na África. Em janeiro passado, o Kinross World encontrou-se com Mike para uma entrevista.
Na foto: Mike Sylvestre, vice-presidente regional, Kinross África
Breve resumo de seu currículo:
Antes da Kinross, Mike trabalhava na Claude Resources, onde era presidente interino e CEO. Antes disso, foi presidente e CEO da Castle Resources; e antes, diretor operacional da Linear Gold.
Mas a maior parte de sua carreira concentrou-se na Vale/Inco – começando em 1975 e culminando com o cargo de diretor geral/CEO na enorme operação de níquel da Vale em Nova Caledônia (uma série de pequenas ilhas a cerca de 1.200 km a leste da Austrália). Nessa função, Mike foi encarregado do desenvolvimento do projeto multibilionário Goro Project, uma enorme operação de níquel.
Na foto: Mike em 2006, quando era presidente das operações da Vale/Inco em Manitoba
Na foto: Mike e sua esposa (Nancy) e dois filhos (Nicolas e Adam), durante seu período na Vale/Inco em Nova Caledônia
Na foto: Gore Project, em Nova Caledônia
O que o atraiu à mineração?
Quando era criança, costumava dizer a todo mundo que queria ser geólogo ou astronauta. Sempre fui fascinado por voar.
Cresci em Sudbury, uma cidade de mineração ao norte de Ontário, e na escola decidi que queria estudar engenharia. Devido à minha infância, rodeada de minas e mineradores, o curso de Engenharia de Minas parecia a escolha mais lógica.
Não virei astronauta (ainda!), mas consegui meu brevê de piloto quando tinha cerca de 35 anos, e adoro pilotar hidroaviões
Na foto: Mike com sua esposa, Nancy, o filho Nicolas e seu hidroavião C-FMAC
Seus pais trabalhavam em mineração? Você tem irmãos?
Minha mãe trabalhava em um asilo para idosos em Sudbury, e meu pai era supervisor numa planta de fabricação de maquinaria pesada. Tenho um irmão mais velho e uma irmã mais nova.
Já teve algum trabalho de meio-período quando era adolescente? Qual foi a primeira coisa “grande” que se lembra de ter comprado com o próprio dinheiro?
Meu primeiro trabalho de meio-período foi um trabalho de fim-de-semana no Sudbury Star, um pequeno jornal local que até hoje existe. Meu trabalho era colocar folhetos dentro de cada jornal à medida que eram impressos.
[risos] E a primeira coisa que comprei com meu próprio dinheiro foi um carro… uma velha Kombi verde ano 1961.
PNa foto: Essa não era a Kombi de Mike… mas é um modelo similar.
Você passou a maior parte de sua carreira na Vale/Inco. Se tivesse que apontar uma pessoa memorável com quem trabalhou durante essa época, quem seria?
Graham Ross, que na época era gerente do Stobie Complex (um complexo mineiro em Sudbury). Graham estava muito à frente de seu tempo, e se esforçava muito para reduzir a zero os acidentes no local de trabalho. Era um grande defensor da “segurança em primeiro lugar”. Eu era superintendente em Little Stobie na época em que Graham era gerente do site. Ele me ensinou muito sobre como colocar a segurança sempre em primeiro lugar. Ele era um modelo de conduta para mim no que diz respeito à segurança no setor de mineração.
Se pudesse resumir sua filosofia de segurança em uma ou duas frases, quais seriam?
Acredito em reduzir a zero os danos à integridade física dos empregados, ao ambiente e à propriedade. A segurança começa de cima, e todos precisamos fazer o que pregamos.
Na foto: Mike (à esquerda) na PT Inco Indonésia
Qual foi o evento relacionado à segurança mais significativo que enfrentou em sua carreira?
Fatalidades e lesões gravíssimas. Elas são o evento mais sério que um líder de site tem que enfrentar. E trabalhando neste ramo há três décadas, infelizmente vi pessoas ficarem seriamente feridas e até mesmo morrerem. Acontecimentos desse tipo têm valor muito pessoal para mim, tanto que sinto dificuldade em falar deles. Acho que certamente são grande parte do motivo das pessoas que trabalham com mineração tornarem-se fanáticas por segurança.
Quando trabalhava na Indonésia, fiz amizades com vários nativos do local, incluindo um jovem chamado Agus Sancho. Ele tinha 30 e poucos anos, uma família, e tinha vindo trabalhar na mina.
Eu havia aberto um clube Toastmasters para ajudar aos indonésios a aprender inglês e melhorar a habilidade de falar em público, e Agus tinha se interessado muito, vindo a se tornar parte da diretoria do clube.
Certo fim de semana, em 2003, Agus teve um acidente fatal em uma represa hidrelétrica ao mergulhar com o clube de mergulho de Soroako. Foi uma tragédia terrível. Já se passou mais de uma década desde que aconteceu e ainda é difícil falar disso. (As palavras exatas de Mike foram “não gosto de revisitar esse assunto”.)
Acredito de verdade que nosso trabalho como líderes é fazer com que nossos empregados consigam voltar para casa sãos e salvos todos os dias. Esforço-me muito na busca pela excelência em segurança. É incrível ter entrado em uma empresa como a Kinross, que é líder em segurança no mundo da mineração.
Você passou muitos anos em Nova Caledônia e trabalhou de perto com os nativos dali. O que trabalhar com outras culturas lhe ensinou?
A abraçar e descobrir o país do qual sou hóspede e as pessoas de lá. A aceitar outras culturas e crenças. Ter respeito e uma mente aberta.
O bombardeio de Bali que matou mais de 200 pessoas em 2002 aconteceu exatamente quando eu, minha esposa e nosso filho Nicolas, que tinha então oito meses, aterrissamos em Sidney, Austrália – foi nossa última escala antes da relocação na Indonésia, onde iríamos viver e onde eu trabalharia com a equipe da Vale. Depois do bombardeio, todas as mulheres e crianças expatriadas foram evacuadas para Perth, que é onde Nancy e o bebê ficam durante algum tempo. Eu segui para a Indonésia para apoiar minha equipe e as operações no estrangeiro, que continuaram sem interrupção. Duas semanas depois, voltei a Perth e trouxe Nancy e Nicolas comigo a Soroako.
Apesar do que podem ter pensado sobre a Indonésia naquela época, adoramos o tempo que passamos lá, adoramos a cultura e as pessoas.
Trabalhar em partes remotas ou diferentes do mundo me ensinou muito sobre a natureza humana em geral. No final, a maioria das pessoas não é complicada – elas só querem ter uma vida decente e cuidar de suas famílias.
Nosso setor avançou bastante no que diz respeito à responsabilidade social corporativa e à parceria com outras culturas. A Kinross, em particular, faz um trabalho incrível de retribuição nas comunidades onde opera – está claro para mim que essa empresa trabalha duro para ser uma boa vizinha.
Na foto: Mike visita crianças em uma pequena vila indonésia chamada Nuha
Na foto: Mike preside uma cerimônia na PT Inco Indonésia
Na foto: Mike dá as boas-vindas ao exército indonésio em Soroako, PT Inco Indonésia
Você tem uma esposa e dois filhos. O que eles acham de mudar-se para Las Palmas?
Minha esposa, Nancy, e meus dois filhos, Nicolas, de 13 anos, e Adam, de 10, estão muito animados para ir a Las Palmas em junho. Estão ansiosos para conhecer a cultura e as pessoas. Eles sabem, graças a outras realocações, que será uma experiência de aprendizado enriquecedora.
Na foto: Mike com o filho, Adam, em Thompson, Manitoba… desfrutando os invernos intermináveis!
Na foto: O filho de Mike, Nicolas, em sua mesa na PT Inco Indonésia
Você acaba de chegar na Kinross, mas qual sua impressão geral da empresa e dos empregados?
Minha impressão é muito positiva. Vejo pessoas de verdade dando duro para fazer com que as coisas aconteçam. Vejo uma cultura de alto desempenho e uma empresa cujos valores compartilho.
O que gosta de fazer em seu tempo livre?
Com duas crianças em casa e um trabalho que demanda muito de mim, não me sobra muito tempo livre, mas realmente adoro pilotar, fazer academia e esquiar. Quando era mais jovem, fui membro da Canadian Ski Patrol* no Canadá, e costumava passar muito tempo em estádios de hóquei no gelo, com meus filhos, mas ainda não consegui encontrar nenhum estádio de hóquei em Las Palmas!
*A Canadian Ski Patrol é uma organização nacional com a missão de oferecer primeiros socorros avançados e serviços de resposta de emergência em resorts de esqui em todo o Canadá.
Na foto: Mike esquiando com a esposa, Nancy, no Mammoth Mount, Califórnia, EUA
Se tivesse que descrever a si mesmo usando três palavras, quais seriam?
Paciente. Focado. Comprometido.
Se seus filhos tivessem que descrever você usando três palavras, quais seriam?
Divertido. Incrível. Aventureiro. (Suas próprias palavras, eu perguntei!)
Do que você tem mais orgulho?
É como aquela certa frase: “grande liderança… traz grandes responsabilidades“. Tenho o privilégio de ser um líder desse setor e de ter tido a oportunidade de utilizar minha influência para criar impactos positivos em áreas que sinto terem importância fundamental: segurança, aperfeiçoamento contínuo e relações com a comunidade são alguns exemplos. Espero dar continuidade a essa tendência e deixar um impacto positivo aqui na Kinross.
Quais são algumas de suas principais prioridades para a Kinross na África em 2015?
Continuar apoiando nossas equipes na excelência em segurança. Lutar pelo aperfeiçoamento contínuo em várias áreas de nossas operações. Contribuir e apoiar a estratégia da Tasiast. Focar na ampliação da vida útil da mina de Chirano.
Qual foi a experiência mais recente que o transformou em uma pessoa mais forte?
Criar dois garotos cheios de energia… minha paciência aumentou dez vezes.
Diga algo que não ensinam na escola, mas deveriam.
Apreciar e abraçar a diversidade entre povos e culturas.
Na foto: cachoeiras na área de Wowondula, perto de Soroako, PT Inco Indonésia
Na foto: uma vila local na Nova Caledônia
Na foto: cobra píton no campo de exploração próximo a Soroako, PT Inco Indonésia. A cobra foi liberada em segurança longe do campo, do outro lado do Rio Larona.
A porta do escritório e do e-mail de Mike estão sempre abertas. Ele está localizado em nosso escritório regional em Las Palmas e pode ser contatado pelo e-mail mike.sylvestre@kinross.com.